sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A Lagarta

Resolvi, como tantos outros e outras, escrever. Porém, como escrever sobre sentimentos sem ser piegas?
Amor, revolta, incertezas, desilusões, momentos vibrantes, pessoas interessantes, amigos, família, política, futebol...sempre haverá assuntos para serem reinventados com o toque sutil e singular de cada um, modificado apenas pela estética, mas a expectativa final de surpreender o leitor é irremediavelmente igual, simplesmente por que nunca escrevemos só para nós ou, só por nós mesmos.
Mesmo com a liberdade da licença poética, não estamos realmente "livres" na escrita. Seguimos, o mínimo que seja, alguma regra ortográfica, mesmo quando o "menas", ou o "mim" usado na conjugação de um verbo impera, colocamos nossas elucidações expostas para os "bons entendedores de meias palavras, que interpretam nossas letras pingadas". Escrevemos sempre para um outro.
Queremos ser lidos
Usamos a comunicação e adoramos usá-la
E hoje, eu quero escrever para alguém. Para quem?
Pra VOCÊ!
Vim aqui te falar sobre lagartas. Só lagartas.
Aquelas desprezadas que comem as flores. Lembrou?
Estou aqui dedicando esse post as lagartas, pois eu não vejo fase mais interessante que esta para representar a metamorfose. E as borboletas? Nããããão, não é preciso falar sobre elas, já foram descritas inúmeras vezes, acabam perdendo um pouco a graça de tanto que se fala. As borboletas é que nunca se esquecem que um dia foram lagartas, pois, sem a humildade gerada pela essência, elas não seriam tão belas. Então, lagartas de todo o mundo, alegrem-se, aqui hoje só da vocês!
Ser lagarta é feio. Sim, ser lagarta é peçonhento. Ser lagarta é correr o risco de não completar a vida. Ser lagarta é ter sempre a sensação de que ainda não se esta pronto para alçar seus voos. 
Ninguém quer ser a lagarta, nem mesmo ela. Todos querem ser como borboletas, lindas, leves, completas, mas passar pela fase do verme, ninguém quer. Todos queremos o final feliz, sem o começo incerto e o meio cansativo.
Metamorfose, mudança, transformação... todas essas etapas são impossíveis sem a luta da superação dos próprios defeitos, dos medos, sem se despir da arrogância e prepotência de uma superioridade infantil e mentirosa.
Construir com muito suor e esforço o próprio casulo, e lá, sozinho, esperar, esperar, e esperar. Nessa morte em vida, retira-se a casca, o que não se precisa mais, tudo fica pra trás, a crisálida separa o essencial, só se leva a lição.
Enfim, morre a lagarta. Morre a lagarta. Morre a lagarta?
Não, ela não morreu, está lá, debaixo daquelas asas, é ela, mas como esta bonita, como cresceu. Agora, a lagarta com essas asas forjadas nas dificuldades, lutas, desafios e auto sacrifício, pode voar. Ela virou uma lagarta de asas. Os mais desavisados, que não sabem de sua história cheia de altos e baixos, ainda a chamam de borboleta, é seu apelido.
  

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